sábado, 20 de agosto de 2011

Abstinência de Amor?




"Tudo começa quando o objeto de sua adoração lhe dá uma dose generosa, alucinante de algo que você nunca ousou admitir que queria -um explosivo coquetel emocional,talvez,feito de amor estrondoso e louca excitação. Logo você começa a precisar dessa atenção intensa com a obsessão faminta de qualquer viciado.Quando a droga é retirada, você imediatamente adoece, louco e em crise de abstinência (sem falar no ressentimento para com o traficante que incentivou você a adquirir seu vício, mas que agora se recusa a descolar o bagulho bom – apesar de você saber que ele tem algum escondido em algum lugar, caramba, porque ele antes lhe dava de graça). O estado seguinte é você esquelética e tremendo em um canto, sabendo apenas que venderia sua alma ou roubaria seus vizinhos só para ter aquela coisa mais uma vez que fosse.
Enquanto isso, o objeto de sua adoração agora sente repulsa de você. Ele olha para você como se você fosse alguém que ele nunca viu antes, muito menos alguém que um dia amou com grande paixão. A ironia é que você não pode culpá-lo." (Trecho do livro Comer, Rezar e Amar).



E quem foi que disse que é impossível ser feliz sozinho?




segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Antes das Nove

E que eu chegue antes das nove
Para que eu sinta o afogar do ego
Pra que eu veja os segundos passarem
Pra que eu ouça uma respiração.
E mesmo que eu não chegue,
Eu quero ser.
Quero ser meu ei de ser.
Meu brilho no olhar, o calor, e a euforia
Do suor à melodia, o desenhar de minha vida.
Os segundos a tilintar,
Tempo ao tempo, pesadelos diminuem
Perto das nove,
Já posso descansar.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Seis coisas impossíveis

"Penso em seis coisas impossíveis antes de tomar café da manhã".

Já deve ser notório o meu fascínio pelo livro/filme "Alice no País das Maravilhas" de Lewis Caroll. Não considero e nunca considerei um livro/filme para crianças. Desde minha adolescência me pego refletindo sobre mensagens ocultas e sábias no conto. 
"Seis coisas impossíveis".
Não começo meu dia sem tomar um café. Café mesmo. E não sei quanto a vida alheia, mas meu sono é sempre povoado de muitos sonhos. Engraçado que conheço gente que dorme que é uma beleza, mas nunca sonha. Mas eu sonho, muito. Desde criança. Sonhos sem pé nem cabeça. A maioria deles. A questão é que me lembro de pouquíssimos sonhos "reais". São sempre em lugares e situações surreais. Algo como um gato falante e Kassia ficando gigante e minúscula (qualquer semelhança com Alice é mera coincidência). E claro, em meu desjejum me pego com olhar horizontal, a pensar nos sonhos da noite que passara, tentando "diagnosticar" as maluquices do meu inconsciente. Em vão, é claro.
Mas vamos às coisas impossíveis.
Do alto dos meus 24 anos e meio, e levando em consideração de que um ser humano vive em média 90 anos; caso você não tenha levado uma vida boêmia e não tenha sido diagnosticado com algum mal do século XXI - leia-se depressão, TOC´s de alguns tipos e algum grau de ansiedade, e tenha intoxicado seu organismo com algum tipo de Rivotril e afins, já vivi cerca de 1/4 da minha vida. Faltariam 3 /4. 
Em meio a essa reflexão, na hora me veio à cabeça uma imagem de uma ampulheta (e na hora me veio à mente aquele jogo de tabuleiro "Imagem e Ação"). E aquele pozinho, depositado abaixo, era o que já vivi. O que já se passou. Erros, acertos, risos, lágrimas, momentos....Sabe aquela coisa que você queria ter feito? Naquele momento? Faria diferente? Tá ali...depositado...Cada grão de areia é uma hora de cada dia que vivi.  "Mas aquele dia! poxa...aquela vez...."
"Não pode colocar o pozinho de volta e começar tudo de novo?"
"Não?"
E em cada grão depositado, onde estão as coisas impossíveis? Aquelas em que penso no café da manhã? Aquele perdão impossível. Aquela gargalhada impossível. Aquele sorriso impossível. Aquele grito, aquela dança, aquele porre, aquela vontade de ser você e só você de vez em quando, e dane-se o que vão pensar.
Aqueles planos que sempre riram da sua cara, aquele amigo que você sempre quis dizer :"você é muito importante pra mim!" e nunca teve coragem, aquela paixonite; que você nunca se tomou a iniciativa com medo de ser "mais uma dessas". Falar a verdade. Ser verdade.
Bom, e o café....sem ele, jamais. Impossível.



quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Sinfonia do Conforto Mútuo

Ouvi um ruído
Abri a janela à procura,
Nem achei.
Novamente, me assustou.
Vem da parede ao lado ou lá de fora.
Sinto meus ouvidos martelarem,
Um frieza súbita, lágrimas mornas rasgam meu rosto.
A esperança me dando adeus
E eu não querendo me despedir dela.
Traí minha confiança, eis o preço.
Todos os dias, cansei de esperar.
A esperança, lá longe, pequenininha...
A doçura agora lhe está imposta de luto.
O ruído agora aumentou triplamente
Gritei. Gritei mais um vez.
Em minha frente, eis um abismo gélido
Me jogaram lá dentro,
E foram dormir.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Em boca fechada não entra mosca.



Nasci um ser tímido ao extremo. Tinha tanta dificuldade interpessoal que chegava ao ponto de me esconder quando chegava visitas de primos e tios em minha casa. Escondia a cara em qualquer saco de pão que encontrasse. Minha mãe dizia até que eu ficava sem respirar. Chorava, berrava. E jeito era me colocarem para dormir e não estragar o domingo da família. Todos foram lá ver a caçula. "Tão mocinha!", "Caiu o primeiro dente". Tão histérica.
Me tornei algo referente a um bicho do mato, que não conseguia comprar balas no tio da esquina e nem dizer que estava com dúvidas para a tia de matemática. Falava quase nada. Mas logo na segunda semana de aula, me misturava com a banda podre do primário. Desde então, não me esqueço até hoje de um grito que uma professora que, com certeza, se arrependeu amargamente de servir ao magistério. E era para que eu parasse de falar. O anos se passaram, me tornei uma adolescente estranha com cara de adulta, uma adulta esquisita com cara de criança e minha profissão, bom, isso é um capítulo a parte.
Falo de mais ou falo de menos. Ou eu me isolo ou me exponho num circo. Ás vezes falo pouco o que deveria falar muito. E falo muito o que serviria em apenas uma palavra, frase ou resmungo qualquer. Tantas vezes me arrependo de não ter falado o que precisava. E tantas outras me arrependo de ter falado meia hora de coisa indiferente.
Se arrepender do não dito. Aquele momento em que você pôde falar, mas falar mesmo, falar de verdade e com verdade, sem imposições de voz ou pontuações adequadas. Falar e deixar o choro sair soluçado, gritado, doído. Ou então ter deixado tudo sair fácil, maleável, esguio.
E quando você ouve o som dos grilos..."O que foi que eu fiz?" Não era tudo bem melhor e tão convencional deixar pelo não dito? Tão correto? Tão medido, tão racional. Por que em boca fechada não entra mosca, muriçoca, besouro, borboletas, estrelas e nem bolhas de sabão.

Pronto, falei.

domingo, 7 de agosto de 2011

Saudade:

De acordo com o dicionário Aurélio, saudade significa:  “Lembrança nostálgica e ao mesmo tempo, suave, de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las; nostalgia”. “Pesar pela ausência de alguém que nos é querido”. Na gramática, é um substantivo abstrato. Na prática é concreto. Não podemos vê-la, mas podemos senti-la e até derramar uma lágrima.

Saudade corta. Dói. Como já dizia Clarice, "sentimento urgente". Por quê quando você sente, você já não quer água, comida, aquela roupa, aquele livro, aquela festa. Você quer matar aquela agonia. Seja do que for.
O que é pior? Saudade de pessoas? Pessoas vivas ou que não estão entre nós? Saudades de momentos? Saudades daquela felicidade estranha, daquele dia, daquela tarde, daquele momento. Saudade de saber que era tudo tava bom, mas que você nem sentia que era tanto assim, mas sabia que tudo era tão bom.
Conheço gente que não tratam a saudade como dor. Lembram sorrindo, com olhar diagonal, dizendo "Ah, lembranças de um tempo bom que se foi...". Se o tempo bom se foi, se foi bom, por quê sorriem? Será que o tempo em que elas vivem atualmente chegam a ser melhor do que o outrora vivido? 
Saudade toma a respiração. E é algo assim meio repentino. Ela chega. Ás vezes ela chega, só pra dizer que existe e mora dentro de você. E vai embora.
E quando ela não vai embora?

Nome?

Bom.

Escrevo desde não sei quantos poucos anos, só que nunca tive tempo/levei a fundo a idéia/parei pra executar a idéia de ter um blog.
Hoje é um domingo. Domingo pra mim, sempre foi um dia meio canção de bossa nova, cheiro de jornal, cheiro de pão quente, cheiro de cigarro, cheiro de café misturado com a carne assada no fogão.
Deve ser por quê meu pai, Sr. José, um luso-brasileiro com bigodes e tudo o mais, desde que me entendo por gente, trabalha de segunda a sábado e todos os domingos ele acorda muito cedo. Fazia o café, trazia pão quentinho, e quando eu acordava ele já havia fumado metade do maço do seu fiel antigo Carlton (o atual Dunhill) e com certeza havia esquecido algum aceso em algum lugar da casa, como habitual. Já havia tomado uns 4 cafés e estava assistindo algum jogo de Fórmula 1. E o jornal estava lá, perfeito, lisinho, pronto pra eu bagunçar e ouvir aqueles sermões de pai.
Hoje, tenho 24 anos e meio, e todos os domingos são assim. A diferença é que, boemias à parte, acordamos com uma ligeira preguiça, leia-se - algum grau de ressaca. E há exatos 10 anos meu pai é um ex-fumante. Trocou o vício por coca-cola zero.

"Tudo passa. Nada muda."