segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Não vou beber dessa culpa, desculpa.

Joga esse copo de culpa pra lá.
Não vou beber dessa culpa, desculpa.
Não mereço,
Não quero,
Não aceito.
Não tente me forçar engolir goela abaixo,
Como uma condenada a uma dose de cicuta.

Esse pesar não é culpa minha,
Não só minha,
Não minha sozinha,
Não fui só eu,
Não é pesado por que eu quis,
Derrama esse copo, quebra ele no chão.

Não vou beber dessa culpa, não adianta.
Não tente me sentir como o derivado do contéudo do copo.
Não vou me contaminar com esse veneno,
Se quiser, bebe sozinho.
Faz o que quiser.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Final da história

E retrucou:
 - É mesmo, e sabe de uma coisa? Não nasci para ser comum. Não nasci para viver coisas comuns. Não nasci para viver de tédio. De marasmo. Do mais ou menos. Ou é quente ou é frio. Ou me engole ou me cospe. Sou intensa mesmo. Desde pequena, bato pé, sei o que quero, o que não quero, meto a cara, vou até o fim, me jogo, pulo de montanha, me machuco e cuido do meu próprio machucado. Bebo a vida em uma única dose mesmo. Passo do drama para a comédia pastelão em minutos, sim. Minha vida é fantasia e realidade sim. Minha vida é pintada como uma tela branca e mil tintas, sim. Me reinvento todo dia, sim E se não gostou, procura sua turma, vai ciscar em outra vizinhança. Boa noite.
E em seguida lavou o rosto, sorriu para o espelho e continuou a costurar.
Se vivesse mesmo uma vida de fantasias, como lhe dissera, preferia viver esse mundo de fantasias sozinha. Nas fantasias, o mundo é sempre mais bonito.







quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Purgação

E eu jogo aqui, tudo em palavras,
Cuspidas, digitadas, escritas,
Letra tremida, sufocada,
Mais uma tentativa de encontrar ânimo,
Nas mesma palavras doídas, sofridas,
Para ver se tira, se sai, essa coisa dolorida,
Chata.
Fumegante.

O que me faz bem é que me faz mal.
Rasga, aos poucos.
E não vai embora,
Não consigo expulsar,
Quando tento, tento rachar na parede,
Lanço ao vento,
Rasgo revistas,
Esmigalho. Choro.
Choro.
E choro.

Não danço mais,
Perdi peso,
Perdi cor,
Perdi luz,
Perdi sorrisos,
Perdi brilho,
Perdi viço,
Minha alma é um tecido rasgado,
Nela tem um buraco vazio e cinzento.
Meu coração virou limo.
Meu coração virou túmulo trancado.


quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Descrito

Hoje não deixei a mesa posta do jantar.
Rasguei muitas roupas,
Joguei fora antigas cartas,
Arranhei CD´s,
e queimei lembranças.

Tirei gavetas do lugar,
Desinfetei o tapete,
Joguei todos os livros no chão,
Pintei paredes,
e tomei um porre de vergonha na cara.

Sacodi as cortinas,
Lavei todos os meus sapatos,
Guardei meias em gavetas,
Cortei as unhas,
e empilhei meus sonhos.

Amassei meus documentos,
Soquei o vento,
Vomitei minhas dores,
Amarrei meus cadarços,
Lavei os cabelos,
e engavetei todas as esperanças.

Pulei de um penhasco,
Nadei 10 quilômetros,
Fiz amizade com um mendigo,
Tomei um café na padaria,
e fui dormir.

sábado, 10 de novembro de 2012

Eu arte, tu artes, ele arte.


Amor à arte, menina arteira, fazendo arte, que arte, uma arte... Coisa que a gente cansa de ouvir na vida. 

"Todo mundo pode se meter a ser artista?"
"Mas artista não é só quem aparece na Globo e na Caras?"
"Será que aquele desenho que fazia de árvore e casinha, que minha mãe dizia que era lindo, era coisa digna de Renoir?"
"Arte é coisa de bacana?"
"Bacana é o que? Gente legal?"
"Não sei desenhar."
"Fiz uns trabalhos como atriz na revista Sexy."
"Artista é tudo neurótico e depressivo."
"Esse povo do prédio de Artes é tudo maconheiro, viado e sapatão."

Arte é coisa sem definição. Coisa sentida. Degustada, que pode dar má digestão, sim, ou um puro deleite. Coisa doída, rasgada, assumida, despudorada, simples, sublime, sutil, terna. Em toda sua forma, lida, vista, tateada. Coisa sensorial. Gélida, fervente, morna, voraz, ruminante, repentina, calma.Arte é para transpirar, exalar, colocar pra fora, vomitar, gritar; é pranto, greve, silêncio, paixão, ódio, mágoa, rancor, carinho, ternura, gratidão, angústia, dor, tudo ou nada. Pensada, não pensada, emoção acima da razão e razão acima da emoção. Assim, desproporcional. Coisa que se vive, se morre, se respira, se dorme, se come, se bebe. Que se dança, se minimaliza, se otimiza, se aproveita e fim.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Peculiaridades de gente: redes sociais




É, rede social, internet e afins.

Tua vida meio ali, sabe. Pública, mas você jura e sustenta que não. Que não faz check-in, que bloqueia foto, e não fala se gosta de coxinha ou de kibe. Mas é pública. Pública pro povo que tá ali. É mesmo.

Se tua vida tá meio ali, tem gente que pode fazer, falar e mencionar o que quiser. Fulano pode te colocar lá no alto. Ou pode te derrubar.

"Tá linda!"
"Nossa, que lindo!"
"Te amo!"

A verdade,é que tem gente que ainda tem aquele senso de poupar nas sinceridades, digamos, dispensáveis.
Vê bem se você encontra comentários do tipo:

"Tá feio pra burro."
"Tribufu."
"Engordou, hein."

A verdade (de novo), é que todo mundo pensa. Mas não posta. Afinal, sua cara tá em jogo, e fica feio pra você.

Ou tem gente que posta. Sei lá.

Vamos sair das redes sociais um pouco e migrarmos para a vida real:

E quando as pessoas pensam e falam? E mesmo sabendo que é mentira deslavada, despeito, inveja, maldade, falta do que fazer ou coisas do tipo, isso te ofende?

"Ah, até parece que me atinge."

Não mete essa uma hora dessa. Magoa sim.

Magoa, sim, sabe por quê? Ego. Peculiaridade de gente. De ser humano, feito de caráter, sentimento; racional, sabe. Esse troço que existe dentro da gente, quando a gente é criticado por qualquer motivo torpe (ou não), uma vez que a sociedade exige que você seja enquadrado em padrões diversos, seja você menino, menina, homem, mulher, criança e etc, nos esmaga. Assim como ele infla em coisas positivas.

"Ah, mas não me atinge."

Duvido que não se pegue pensando. Atinge. Pode não lhe consumir. Mas atinge.

Voltando às redes sociais: em um mundo feito de gente, que é feita de ego, que é feito de facebook, , o que devemos mais nos preocupar? um comentário educado e bonitinho em uma foto ou um cidadão te avacalhando na sua empresa ou grupo de amigos?



sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Vida, tempo.




Vida, tempo
Respostas.
Preciso de respostas.
Não as que eu já tenho,
Mas as que eu preciso ter.

Vida, tempo
Me agonia.
Não me deixa descansar
Ou, não sei se quero descansar.

Tempo, vida
Tempo, és mau.
Estou cansada, me cansei
Sei que não posso, mas sim, cansei.

Razão para esperar,
Razão para pagar para ver.
Motivo para acreditar,
Em sei lá o quê.


sábado, 15 de setembro de 2012

É por ali.

É por aí.
É quase lá,
Se não for,
O caminho, pelo menos, já se sabe.

Passou por ali,
Fez-se o que devia,
Ou não devia,
Mas, não deixou em branco.

Teve história pra contar,
Teve coisa pra lembrar,
Lágrima pra derramar,
E sabe, a vida é de lágrima.

Música que se dançou,
Dança sem música,
Grito sem voz,
Voz clara e apática.
Pranto, dor e silêncio?

De tudo, há.
Se não tem, a gente arruma,
Até se compra,
Mas o dom de amar, desculpe.

É por aí,
É quase lá,
Pula uma poça aqui,
Arranha a própria pele,
Engole o próprio choro e suspira de alívio.

É por aí,
Pode ser que não há,
Motivo para entender ou explicar
O será, o que já foi e o que é
Ponto de interrogação e interjeições no bolso.

Gota de chuva que já caiu sobre ti,
Sobre mim,
Lama que já se afundou,
É por aí,
É por ali.







terça-feira, 4 de setembro de 2012

Casamentos a serem desfeitos.

Hoje, depois de alguns dias em casa, consegui tomar um ar para ir a uma consulta. Esses dias,"by chance", chegou minha câmera nova. É uma câmera simples, enquanto eu não tenho recursos para comprar a "dos meus sonhos". No caminho à consulta (aliás, longo caminho!) e no tempo de espera, consegui fotografar um pouco. Terapia da fotografia. Ontem foi a terapia das cores. Sendo que nos cabelos.
"Você não está satisfeita com a vida que leva." -
Nâo tenho exatamente tudo o que um ser humano e a sociedade dizem que eu preciso? Casa, pais relativamente saudáveis e vivos, duas irmãs bem sucedidas em suas vidas, um cachorro, livros, danço, pinto, canto, pulo, tenho amigos ao redor, faço o que gosto. O que não gosto, não faço. Sim, já fui muito "outra Kassia" e já fiz muitas outras coisas que não gostava com objetivo de agradar outrem. Porém, hoje, não.
"Mesmo assim. Você sofre, pois não está satisfeita com a vida que leva." - insiste
"Então por quê sinto dor ao viver, mesmo com tudo isso ?" - indago
E ela insiste em repetir a mesma coisa.

Me fez lembrar de "Comer, Rezar e Amar". Liz entra em crise existencial, se divorcia e faz a louca para ficar um ano "offline". Sendo que não posso dar a louca e muito menos tenho dinheiro sobrando para passar um ano em Itália, Bali e Indonésia. De fato, no livro ela entra em uma questão bem parecida. "Tenho um apartamento lindo, uma vida profissional consolidável e um casamento estável. Mas tudo o que sinto é angústia ao deitar." Ela simplesmente descobriu que não queria estar casada. Não queria filhos e tudo o mais. Ela se redescobre física e espiritualmente. Não tenho casamento para me arrepender, mas quê tipo de casamento eu fiz e com o quê, o quê preciso me arrepender, para então me soltar e me redescobrir?







sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A dor da vida, de uma vida sem dor

Vincent Willem van Gogh foi um pintor pós-impressionista neerlandês, frequentemente considerado um dos maiores de todos os tempos Sua vida foi marcada por fracassos. Ele falhou em todos os aspectos importantes para o seu mundo, em sua época. Foi incapaz de constituir família, custear a própria subsistência ou até mesmo manter contatos sociais. Aos 37 anos, sucumbiu a uma doença mental, cometendo suicídio. A sua fama póstuma cresceu especialmente após a exibição das suas telas em Paris, a 17 de Março de 1901.
Van Gogh é considerado um dos pioneiros na ligação das tendências impressionistas com as aspirações modernistas, sendo a sua influência reconhecida em variadas frentes da arte do século XIX, como por exemplo o expressionismo, o fauvismo e o abstraccionismo.
O Museu Van Gogh em Amsterdã é dedicado aos seus trabalhos e aos dos seus contemporâneos.
(Fonte: Wikipedia)

A dor da vida, de uma vida sem dor. Se a vida não dói, por que há dor? De onde veio, aonde vai parar, qual e quê motivo...Se a vida a vida dói, por quê para alguns ela não dói? Por quê o leve para uns é pesado e o pesado para uns é leve? Por certo tipos de sacos de areia são fáceis de levar, e aqueles tão medíocres são os mais doídos, cortantes e desesperadores? Por quê, embora haja um futuro brilhante nos esperando, enxerga-se um futuro despedaçado, sem pé nem cabeça...A dor de sorrir. A dor de acordar. A vontade de dormir sempre. Pois quando dormimos, a vida dá um "tempo". A não ser os pesadelos...Mas prefiro os pesadelos do que as crises cortantes da dor repentina, que surge quando estou bem, alegre, faminta e até comendo doces e comida apetitosas sem pensamentos sombrios. A dor da vida, de uma vida sem nenhuma dor aparente, e o peso da vida de uma vida leve. 
Sem entender, sem saber, sem saber se já nasci assim, ou se é uma peste que contraí. A cama é o lugar mais    plácido do mundo, acompanhado de um sono profundo. Medo, do escuro, do inseguro, dos fantasmas e da minha voz, parafraseando Vanessa da Mata. E ainda aproveitando Cazuza, o tempo não pára.
Por isso, arranco a corda do meu coração e da minha alma, e me liberto, me desnudo, me corto, arranco todos os meus cabelos se preciso, para nunca mais sair sentir a dor da vida de uma vida sem dor.



Vincent van Gogh, que sofria de depressão e cometeu suicídio, pintou esse quadro em 1890 de um homem que emblematiza o desespero e falta de esperança sentida na depressão.



"Sou talvez a visão que alguém sonhou
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou."
Florbela Espanca



quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Generosos com os outros, só se somos conosco.

"Ser mulher é para Sabina uma condição que ela não escolheu. Aquilo que não é consequência de uma escolha não pode ser considerado como mérito ou como fracasso. Diante de uma condição que nos é imposta, é preciso, pensa Sabina, encontrar a atitude certa. Parecia-lhe tão absurdo insurgir-se contra o fato de ter nascido mulher quanto glorificar-se disso." - A Insustentável Leveza do Ser (Millan Kundera)

Percebo isso quando me vejo fazendo/agindo como eu gostaria/faria. Ser mulher, algumas vezes, nos impõe algo de que devemos fazer sempre algo para agradar alguém ou para aparentarmos aceitos.
Eu prefiro nadar contra essa maré, que creio eu, não exista tanto assim. Sendo que nadar contra maré, ás vezes, muita gente acha que é ser "polêmico" - aí, cabe ao leitor julgar o que é polêmico ou não.
Um absurdo uma mulher ir a um bar sozinha e tomar uma cerveja? Um absurdo uma mulher ir a um museu no Centro do Rio pela tarde? Um absurdo tomar um café, ir ao cinema ou até mesmo comer pipoca aos domingos assistindo filme? 
"Coitada...olha..sozinha." - olhar de um casal piedoso na moça em um shopping. Casal esse que vive de aparências, pois por trás daquela blusa polo e do saltinho da moça há um mar de traições, desrespeitos e enganos.
"Não é possível que uma moça esteja sozinha!" - homem achando que mulher anda com perna de homem alheio.
"Não é possível que não esteja saindo com ninguém!" - amiga revoltada, achando que é necessário estar de caso com alguém para ser feliz.

Sou feliz com minha companhia. Desde muito novinha, eu gostava de ir à lugares e fazer coisas sozinha, que convencionalmente meninas da minha idade iam com amigas. Pai dava um dinheirinho a mais para comprar um tênis e uma roupinha a mais? Lá ia Kassia, com 14 anos, sozinha e curtindo sua companhia.
"Você vai sozinha?"
"Você moraria sozinha?"
"Ah, não fico em casa sozinha!"
"Você almoça sozinha?"
Por tempos, confesso que me vi como um bicho estranho. Mas hoje, sei que tenho a virtude de gostar de mim e do meu respirar, tomar um café imersa em meus pensamentos, chegar em casa do trabalho e ler um livro à meia luz da luminária e fazer compras sozinha. Sim, sou rodeada de bons amigos, daqueles que enxugam minhas lágrimas quando vemos monstros que nos deixam com medo. Eles estão sempre comigo, quando podem e quando podemos e eu com eles. Mas devo ser agradável a eles por quê, primeiro, eu soube e sei agradar a mim mesma. Tento ser generosa comigo, para que sejam generosos comigo. Se faço tudo que o meu eu gosta, com certeza serei a pessoa mais agradável desse mundo aos meus amigos e entes amados.

"Viver, intensamente, é você chorar, rir, sofrer, participar das coisas, achar a verdade nas coisas que faz. Encontrar em cada gesto da vida o sentido exato para que acredite nele e o sinta intensamente."
Leila Diniz


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Carta às Flores




Sei bem que cheguei em 1987, quando vocês estavam no auge dos seus 5 e 7 anos e para confundir a cabeça de vocês. Mãe teve que se dobrar em três, vovó e vovô haviam partido para Portugal e de lá não voltaram mais.
Sei bem que perturbei o sono de vocês com meu choro expressando fome e fraldas sujas. Sei que em alguns momentos pai e mãe deram mais atenção ao bebê. Sei que vocês me fizeram de boneca, me ensinaram palavras, rabisquei capas de discos de vinis da Xuxa e destruí milhões de bonecas. Desde pequena era assim: não quero, não gosto, não tá direito.
Sei bem que quando fui crescendo, fui birrenta, queria ver o canal que eu queria, o chocolate mais gostoso da caixa de bombons que mãe abria pra dividir entre a gente e chorava de medo quando vocês demoravam para me buscar na escola.
Sei bem que, empatei os seus primeiros namoricos, fazendo perguntas insolentes, ficando no computador por horas e não deixando vocês a vontade para falar de coisas que uma pré adolescente não poderia/devia ouvir.
Sei bem que, achavam minhas roupas esquisitas, meu jeito estranho, minhas manias estranhas de magreza, estranhavam meus estudos exaustantes em inglês e que a ideia maluca de que "jamais teria um namorado, pra quê, eu hein!"
Sei que fiz dezoito e me achei mulher, maior, suficiente e madura. Fiz o que quis, nao ouvi, gritei, rebati. Fiz vocês chorarem. Fiz vocês sorrirem. E sim, voltamos a nos embolar em uma cama só, uma acordando a outra com montinho.

Sei bem que hoje, ainda sou aquela que vocês nunca devem esquecer o choro de fome, fralda suja e cólica. Sei bem também que hoje, sou uma mulher que vocês se orgulham e dou desgosto. Sou a que surpreende com ideia, moda e meta maluca. Sim, eu tive namorado. Sim, eu sou esquisita, ainda. Sim, obrigada por falarem que eu sou a melhor em muitas coisas. Muitas. Por enxugarem minhas lágrimas e dizerem que sim, eu posso. Não, não vou cair. Obrigada serem meu colchão protetor. Meu banho morno, meu chá, minha cama aquecida, por serem além de irmãs do mesmo sangue, serem a extensão de mãe.

"Pra não dizer que não falei das flores", às minhas Flores: Hosana Falcão Marques e Marta Falcão Marques.




quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Prefiro uma dose de cicuta.

Se for uma vida monossilábica e seca que me é servida, prefiro uma dose de cicuta.
Se forem palavras soltas e turvas, prefiro uma rajada de vento.
Se for para me engolir a seco, prefiro que me cuspam,
Se forem para me mastigarem, que me vomitem.
Se for para me acorrentarem, que eu seja solta, sem corda e desgovernada.
Se for para não dançar, prefiro 6mg de Rivotril e um possível coma.
Se for para não ser simples, leve e ver o sorriso dos meus queridos, que me arranquem os olhos.
Se for para não me expressar em cores, que eu via para sempre em mundo preto e branco.
Se for para eu ser fardo, cruz, que me desistam no calvário.
Prefiro uma dose de cicuta.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

"O barulho tem uma vantagem. No meio dele não se ouvem as palavras."

"O barulho tem uma vantagem. No meio dele não se ouvem as palavras." -
( A insustentável leveza do ser - Milan Kundera)

Sou filha de uma mãe hiperativa, que tem cisma com barulhos. A casa precisa ter algum barulho. É uma televisão ligada, uma rádio na cozinha, um ventilador rodando. E eu juro que se não tivéssemos esse recursos, ela utilizaria até um liquidificador rodando para tal feito.
Eu sofro de síndrome do silêncio. Apesar de ser professora, passar a maior parte do tempo falando (e ouvindo), tenho aquele momento em que preciso ouvir só o tic tac do relógio. Ouvir o que as vozes interiores falam, o que eu preciso me redescobrir...e as vezes as palavras, o barulho, só atrapalha esse momento de visão além do que podemos de fato, ver. Sim, sou muito falante e tenho um pézinho no hiperativismo. Mas quando me calo, calo de vez. É o momento em que não quero barulhos. E nem palavras.

Uma breve reflexão em meio à barulhos de um teclado ensurdecedor.

 


quarta-feira, 4 de julho de 2012

Pois os voos de um falcão vão além do que se passa.

"Mas o blog mudou de nome? Mudou de endereço?"

De tempos para cá, vi que de fato coisas passam, mas podem passar e voltar. Se passam, nunca existiram. Se voltam, é por quê ela assumiram o voo similar a de um falcão. Sim, falcão, meu sobrenome, mas não mudei o nome do blog só para fazer ode ao meu sobrenome que tanto sofri bullying na infância (e hoje me orgulho), mas sim pelo o que a ave representa, e de fato simboliza minha filosofia de vida.


O que diferencia os falcões das demais aves é o fato de terem evoluído no sentido de uma especialização no voo em velocidade (em oposição ao voo planado das águias e abutres e ao voo acrobático dos gaviões), facilitado pelas asas pontiagudas e finas, favorecendo a caça em espaços abertos – daí o fato dos falcões não serem aves de ambientes florestais, preferindo montanhas e penhascos, pradarias, estepes e desertos.


Ou seja, o falcão é uma ave destemida. Prefere lugares altos, como penhascos, para atingir voos altos e ela é a ave com a evolução de voo em velocidade. Não espera, faz, tem ânsia, voa. E reservados, como desertos e florestas. Locais em que podemos estar de encontro com nós mesmos. Ao mesmo tempo em que ela anseia em ser rápida e veloz, ela se encontra sozinha em locais em que raramente podemos a encontrar.

Diferentemente das águias e gaviões, que matam suas presas com os pés, os falcões utilizam as garras apenas para apreenderem a presa, matando-a depois com o bico por desconjuntamento das vértebras, para o que possuem um rebordo em forma de dente na mandíbula superior.

Não fazendo referência à morte, homicídio ou vingança (desse mal, não sofro), mas no sentido das adversidades nessa vida, os falcões não sujam as garras e fazem com as próprias "mãos" o que acham certo.  Eles apenas as usam para terem em mãos um desafio a ser destrinchado, como um jogo de quebra cabeças ("desconjuntamento das vértebras"), pois tudo o que é fácil, não é prazeroso, tudo o que vem fácil, se esvai na mesma velocidade.

Velocidade. Coragem. Cautela. Desafio. Tudo passa, sim.
Mas os voos de um falcão vão além das coisas passageiras e vãs.




"Black bird fly, black bird fly
Into the light of the dark black night."
Black Bird  (The Beatles)

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Procura-se: Kassia Falcão.



Ter problemas, todos temos. A diferença está em encará-los, enfrentá-los ou fingir que eles não existem. Eu encaro, dou minha cara a tapa, peço desculpas, digo o que sinto, tento encontrar soluções, mesmo que as soluções sejam doloridas.


Por muitas vezes, em que me encontro em apuros (problemas para resolver, dúvidas e etc) eu tenho uma sucessão de sonhos. Sonhos em que eu estou presa em algum lugar, em alguma espécie de labirinto e fico muito desesperada para encontrar a saída. Quando encontro, fico em paz, feliz e vejo que só foi um momento de tensão. Ou então estou perdida em avenidas ou ruas, fico agoniada por não achar o destino. Ou então, elevadores. Fico presa em elevadores que sobem e descem até parar aonde preciso chegar.
Sonhos que são bem claros, ou sonhos sem pé nem cabeça. A verdade é que por muitas vezes, no meu caminho ao trabalho fico fazendo uma conta "encontre o x na equação" para interpretá-los. Em vão.
Só sei que, refletindo em este quase fim de semana e diante de decisões tomadas (soluções, mesmo que doloridas), nesses sonhos em que ando, ando e peregrino a procura de algo, que eu encontre uma plaquinha com o meu nome ou eu encontre a mim mesma. E vendo essa plaquinha ou encontrando meu ser, eu sinta paz, suavidade e livre de todo aquele medo em que estava perdida.


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Cinco pães franceses, por gentileza.

Para começar: o pão não é francês.
Mas a gente nunca pede "Por favor, cinco pães". Mas sim "cinco pãezinhos, 1 real de pão, etc", mas nunca a palavra "pão" no plural. Pelo menos, comigo é sempre assim -  cinco pãezinhos.
Cinco é número ímpar, e por mais que haja você e mais a sua mãe para tomar café da manhã, e você sabe que o máximo que vocês duas vão comer são apenas dois, sempre compra-se cinco. Eis que sobra um. E fica lá, no cantinho, no saquinho, desprezado....Provavelmente se junta com os outros já dormidos de outros dias, vão para o freezer e o cruel destino deles é farinha de rosca. Compra-se cinco pães, e não quatro. - "é para garantir." ou "sei lá, vai que dá vontade de comer mais" ou o velho ditado de meu pai  "melhor sobrar do que faltar."
Não sei por que resolvi falar de pães. E por falar em meu pai, luso-brasileiro, e como todo português, português tem mania de pão. Não tem ninguém em casa e não tem o que fazer, vai comprar pão. Pelo menos, aqui em casa é assim. Jornal, pão (de vários tipos) e café. Coisa de pai.
Voltando ao assunto do quinto pão: o que seria o quinto pão na nossa vida? Aquele que, se você não o come com piedade (afinal, é pão, é comida, etc), ele mofará ou, como mencionado acima, se congelado você pode torrar e transformar em farinha de rosca. Mas será que o destino de um pão é sempre um punhado de farinha de rosca?
Bom, só sei que não me contento com o quinto pão. Por que sempre sei do quase certo destino dele. Mas talvez, em sua casa, os pães não sobrem, você come pão-de- forma mesmo ou talvez nem coma pão. Mas com certeza você sabe dos caminhos de certas coisas, não por vidência ou por "senhoria da verdade", mas por resguardar-se de coisas que já aconteceram e você sabe por que aconteceu. Bom, já tive que abrir mão de coisas primordiais para comprar pães. E de fato, eu muitas vezes ou quase sempre, nos finais de semana, haviam 7 pães sobrados de cada dia e minha distração era fazer torradas deles, quando poderia estar fazendo algo diferente. Jogando dominó, dançando danças idiotas com amigos, rindo até não querer mais ou lendo um livro (de muitos que tenho em casa e que ainda não li).
Se eu sei que o quinto pão virará torrada ou farinha de rosca, não comprarei mais o quinto pão. Eu sempre digo isso para mim. Mas no final, a gente sempre compra. "Vai que chega visita..."


domingo, 13 de maio de 2012

A moça das tranças

E o velho moço assiste. Assiste do alto e inerte. Por dias. A vida daquela casa, daquela vida, daquele acontecer.
As confusões e a desesperança da moça de cabelos compridos e aquela trança se desfazendo. Ele sempre tira umas horas para vê-la. A assiste, ao fazer o café, ao estender a roupa no varal. Sempre com as bochechas rosadas, corpo de menina e olhar de mulher.
Todos os dias a moça espera o seu amado, com o jantar devidamente posto, flores frescas e molhadas em um vaso. E a moça de tranças com o olhar fraterno e decidido.
Um belo dia, ao anoitecer, o velho moço se assusta ao ver a moça de vestido rosa, aquele corpo leve e postura de bailarina, batendo a porta de vidro, sentando ao meio fio da rua. A expressão da moça já não era tão fraterna e agora era uma expressão de decisão, força e um pouco de revolta. Espantou-se ao ver que ela acendia um cigarro e o tragava fortemente, como um analgésico e como se fosse afogar aquela dor que sentia. Ou seria indignação, ao invés de dor?
A noite cai, e logo a moça entra. Aquele casebre, com luzes apagadas, ganha silêncio. Ele então, vai dormir.
E o velho moço amanhã, estará com seu pequeno rádio de pilhas, naquele mesmo canto. Não sabe se encontrará a moça de tranças com vestido rosa virginal, estendendo roupas no varal e um doce cheiro de baunilha vindo em sua direção. Ouviu dizer que a moça pegou um carro (espantou-se, parecia ser tão frágil, sabia dirigir?) com uma pequena mala e não voltou mais. O amado, encontrou um bilhete deixado pela moça:

"Sou suficientemente suficiente para mim.
Tentei ser boa para mim e para você,
Mas não posso ser maternal, se a intenção é ser sua mulher,
Desculpas por meu senso masculino ser forte mais,
E se meu senso feminino for suave demais para ser percebido por alguém que não enxerga um ser que já sentiu o cheiro de muitas flores, respirou diferentes ares, passeou em muitas estradas e hoje, prefere dançar sozinha, ao som de uma melodia interna que só ela mesma ouve."



sábado, 28 de abril de 2012

Aos insuportáveis assumidos, o meu respeito.


01:27 de sábado.
Não estou para boemias.
Acho que aceitei que nasci para parir, ser esposa e levar as crianças na escola. Embora ainda não tenha um marido, nem bebês, tampouco crianças na escola. Mas fantasio tomar chá enquanto o o marido lê o jornal ao lado, naquela cena bem clichê. Pseudo retrô - contemporânea.
A última coisa que tomei foi um sorvete, estou enrolada em um edredom antigo e sincero, e eu queria muito uma xícara de café agora. Porém, além da preguiça de sair do edredom-casulo e ir à cozinha, a xícara de café iria colocar os meus planos do sono chegar por água abaixo.
Sou uma mulher calejada. Não, não sou a "dolorida, a sofrida" de Florbela Espanca, mas a tolerância-limite, a bomba-relógio, o limite do equilíbrio e da esquizofrenia, tendendo a um comportamento bipolar, choro e riso repentino, pânico e alegria em frações de segundos. Insuportável, teimosa, desequilibrada, instigante, intragável, desafiadora, imprevisível, mas com certeza, o que eu mais aprecio é o insuportável.
Tudo aquilo que não suportamos, incomoda. Se incomoda, há alguma importância. Não que eu me preocupe em ser importante. Só me preocupo em me doar, doar meu melhor, meu tempo, minha habilidade, minha risada descontrolada, meu comportamento quase beirando ao infantil, minha maturidade forçada e imposta pela vida. Se eu serei importante, isso não é problema meu. Importância é algo que importa a nós mesmo. Literalmente. 
Mas confesso, o adjetivo insuportável é o mais irresistível e interessante. É aquilo em que você se preocupa em repelir. Em evitar. Em bloquear. Em não sentir o cheiro, a voz e o brilho. Que incomoda. Não que eu fique feliz em incomodar. Mas se eu incomodo, é por que sou importante. Incomode o padeiro que vende pão de bicicletas à tarde, incomode aquele amigo de sempre ou um amigo distante, seu irmão, sua tia, sua mãe. Produza sentimentos alheios. Não façamos da vida inércia. Não faça da vida alheia inércia. Implique, indague, questione, beije, abrace e faça valer a sua opinião ou mude sua opinião. Falar, chorar, ou até gritar educadamente valem... se houver respeito e intimidade suficiente, sim, mande um "eu tenho para mim que você é um completo otário por motivos tais". Ou você será insuportável ou um pouco amada.
Fale de saudades vis, fale de momentos vis, fale de tolices e de nostalgias. Fale do hoje, do amanhã, do futuro que já é amanhã ( ou hoje?). A vida é estrada, é estrada que os leva a caminhos tortos, que nos levam a avenidas desconhecidas ou não.
Não receiem serem insuportáveis. É um belo estilo de bem viver.
Bom o sono enfim está vindo após ministração medicamentosa dos bons sonhos.
Aos insuportáveis assumidos, o meu respeito.



segunda-feira, 16 de abril de 2012

Falsamente despedaçado

E meu caminho seguiu,
segue, segue seguindo,
mesmo com cercas e arames farpados,
seguiu e segue.

Mesmo que eu tenha o amaldiçoado inconscientemente,
mesmo que eu tenha o desacreditado,
o desesperançado,
o despedaçado.
Mesmo lembrando de duras lutas e dores,
mesmo sabendo que tudo pode desmoronar,
eu escolhi seguir, andar, viver, sentir.
meu caminho seguiu,
e segue.
Por quê mesmo toda a sede que passei,
e a desidratação causada por lágrimas,
naquele caminho parado, fechado para balanço,
esbarrei com um alguém.

Um alguém também que estava andando por uma alameda,
já havia me cumprimentado de forma lânguida e displicente,
sim, e muitas vezes.
neguei dar a mão a ele.

Pulamos juntos as cercas de arames farpados,
as mentiras plantadas através de dor,
e hoje seguimos nosso caminho,
nosso caminho segue,
seguiu, e segue seguindo.





segunda-feira, 2 de abril de 2012

Beleza aonde há beleza



Ouvi esses dias que as minhas fotografias mais bonitas são aquelas em que passei os melhores momentos de minha vida. Muitas eu estava deslumbrante, mas não tão bonita como uma simples foto tirada antes de dormir. Sem maquiagem, ou com o cabelo minunciosamente escovado ou com inúmeras poses - eram aquelas simples, singelas, displicentes e despretensiosas.
A beleza estava havia beleza. Eram nos melhores momentos de minha vida que apareciam as melhores fotografias. Rosto corado, saudável e com formas. Sorriso fácil e olhar tranquilo. A beleza existia por que existia beleza na minha visão de vida. Todas as vezes em que via um mundo feio, cruel e sem esperanças, meu rosto dava lugar à ossos, falta de viço e olhar vazio.
Aonde estava a beleza? Por mais que se usasse de artifícios de maquiagem, photoshop, a beleza não estava mesmo ali. O que enxergava era um mundo sem estimativas, uma vida sem motivos e nenhuma coragem para escalar, levantar e subir. Subir? Sumir.
Aonde está essa tal beleza? Beleza de ver simplicidade em qualquer coisa banal, de se sentir leve, de não ter medo de ser quem é, de não ter medo de sentir medo e de permitir errar e se destruir de vez e quando. E onde é esse belo, esse fascinante, esse inebriante, esse brilho que gruda e não sai?
Beleza aonde há beleza. O belo para ti pode ser qualquer coisa. Qualquer conversa jogada fora. Qualquer flor caída no chão. Qualquer gole de uma bebida amarga. Qualquer mergulho em uma paixão incerta/certa. Qualquer coisa tranquila. Barulho. Ócio. Banho quente. Cheiro de terra molhada. Sereno. Dormir sem hora para acordar. Acordar cedo e comprar a primeira fornada de pão. 
Ver beleza. Não só ver. Enxergar. Sentir. O que vale. O que realmente vale. O que vale seu sorriso, sua gargalhada, o seu brigar, o seu lutar.
Enxergue, queira, sinta, busque. Também pode estar no chamado feio. No descartado. No rejeitado, no prostituído, no desenganado, no sofrido. 
Quem têm olhos, que enxergue a beleza. E saiba o que é. Ela é leve. Lânguida. E de repente nem todos podem sentir.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Um amigo se faz rapidamente. Já a amizade, é um fruto que amadurece lentamente. (Aristóteles)

Demostração pública e linda de minha amiga, irmã, terapeuta, filha e noiva exemplar, européia nascida em país errado e viciada em Guitar Hero, Vivian Caetano.
Uma das pessoas que eu jamais teria palavras suficientes para te agradecer, enaltecer e para expressar o eterno carinho e gratidão!


"Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará."
A. Einstein

quarta-feira, 28 de março de 2012

O Menestrel





Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se. E que companhia nem sempre significa segurança.
Começa a aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas.
Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.
E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam…
E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la…
E que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida.
Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos de mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam…
Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa…
por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.

Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto.
Aprende que não importa onde já chegou, mas para onde está indo… mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve.
Aprende que, ou você controla seus atos, ou eles o controlarão… e que ser flexível não significa ser fraco, ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem, pelo menos, dois lados. Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se. Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens…
Poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém…
Algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar.
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar… que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar.


 William Shakespeare


Tudo passa.

domingo, 4 de março de 2012

Efeito Rebote

E decidiu que nunca mais seria esfolada viva, quebrada em pedaços e jogada de um precipício. 
"Se me ligarem, não estou para ninguém, por favor."

Preferia viver no mundo indolor sob o efeito de algum benzodiazepínico ou quando a dor viesse, ela a sufocasse. Sufocasse sem lágrima e sem grito, apenas com a indiferença e a inércia, de quem já havia acreditado, re-acreditado e sim, quando havia deixado de ter forças e se deixou afundar para que a água e o vento a levasse para qualquer outro lugar, ela sim, acreditou novamente. Decidiu enxergar a vida com olhar indiferente e inexpressivo. Por que de emoção realmente ela já havia se infartado e havia dado indigestão.  

Eis que lhe haviam oferecido afago, cor, céu azul, pássaros cantando, riso, cócegas e doçura da forma sincera e não diluída. Novamente? Tudo aquilo estava sendo um terrível "deja-vu" de terríveis lembranças preferia esquecer. Ou de fato, pela primeira vez, veria o que é amor sem dor?

E ela só queria ir pra casa, deitar, e fingir que nada estava acontecendo... Por que não queria andar nas nuvens, não queria voar sem medo e nem sentir dor, toda aquela dor. O sentimento bonito, falado, expressado, passado com os olhos a cortava. Como as boas intenções, o carinho, a paixão e o provável futuro amor podiam a fazer não aceitar, podiam a fazer chorar de medo e querer ficar na área de zona de conforto, onde decidira de uma vez por todas colocar seu coração em um pote com muito gelo?

Talvez seja porque nunca estivera lá, nessa tal zona de conforto... E talvez seja porque seu coração nunca coubera em um pote com gelo. Embora tenha inclusive machucado as mãos, estourado o vidro, tentando a todo custo empurra-lo para dentro, como quem empurra uma esponja de lavar louças dentro de um copo muito estreito.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Ninguém viu.

Não me chame de amor,
não me diga palavras doces,
não me fale de perfeição,
não me fale de encantamentos,
não me fale de beleza, simpatia ou intenções.
Tudo isso não me enche os olhos,
nem me inebria.
Não mergulhei num balde de gelo.
Apenas quero viver dentro de mim.
E não me tire daqui.
Apenas feche a porta, por favor
não me acorde,
não estou para ninguém.
Viajei,
me mudei,
"Foi lá fora comprar pão e já volta."



terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

4 lições que (re) aprendi.

E hoje quero postar com uma reflexão pós-carnavalesca. Agora o ano de fato começa, as aulas terão todos os alunos presentes (ou quase todos) e estou prestes a completar mais um ano de existência.
Hoje queria refletir o estranho e engraçado rumo que nossa vida pode levar e que esses dias eu aprendi algumas coisas muito interessantes sobre alguns mistérios entre o céu, a terra e nossas escolhas (ou coisas que acontecem que nos forçam a escolher um certo rumo da vida).

*Se preocupar, é se pré-ocupar, ou seja: ocupar nossos pensamentos com coisas que ainda nem aconteceram. E de fato, as coisas sempre acontecem de forma que a gente menos espera. Incrível que todas as vezes em que eu pré-ocupei os meus pensamentos e energias com algo ainda não realizado (fruto de minha personalidade ansiosa) as coisas se encaixaram perfeitamente. E eu não precisava ter gasto noites de insônia. Tudo se encaixa, e isso pode demorar ou não, mas tudo se encaixa. Pode ser que uma peça encaixe com certo defeito. Mas nada é perfeito mesmo...

*Nenhuma dor ou sofrimento dura para sempre, nem os mais doloridos e cortantes. Eles podem durar muito, sim. Como já duraram os meus. Mas as belezas da vida vão amenizando a dor de forma tão imperceptível que quando nos damos conta, aquela dor não é mais dor e sim uma lembrança, de algo que passamos e aprendemos a ser mais fortes. E depois de um certo tempo, até entendemos o porquê daquela tribulação: se não houvesse acontecido, uma série de coisas boas não teria existido.

*Os amigos verdadeiros permanecem. O tempo pode passar e você pode até os machucar de alguma forma involuntária. Mas eles permanecem. O respeito permanece. Eles voltam, você volta para eles e vocês se amam como senão houvesse amanhã. A amizade é o sentimento mais idiota, inocente e delicioso que existe.  

*"Seja você, mesmo que seja estranho, seja você mesmo que seja bizarro, bizarro, bizarro." O trecho de musiquinha da Pitty veio a calhar quando eu pensei na frase "seja você mesmo." Quando a gente não se preocupa tanto em agradar e em impressionar, a gente se torna muito mais agradável. A autenticidade é linda aos olhos e encanta. Por mais que o fato de ser você não agrade a muitos, com certeza agradará tantos mais. Sendo que na minha opinião ser você não significa passar por cima de qualquer um e de qualquer sentimento alheio. Ser você é deixar sua essência falar mais alto.

Por hoje é só, pessoal.


domingo, 12 de fevereiro de 2012

Quem é que cabe no seu sonho?



"Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem"
Cazuza


E quem é que cabe no seu sonho? Qual seu sonho? E nesse sonho há espaço para alguém? Ou você sonho é grande demais para que caibam almas, sentimentos e palavras? E você espera alguma coisa? Espera alguém? Quem? O que?
Ou o sonho é tão pequeno, tão minúsculo que você pensa que não há espaço nem mesmo para o tal, tampouco para pessoas...Tão esquecido, tão longe.
Será que o seu sonho é mesmo um sonho ou fantasia? E quem foi que te disse que sua fantasia não podia se tornar sonho, e que sonho não é real? Quem foi que te disse que sua mente é cheia de coisa em valor, coisa de gente que não tem o que fazer? Quem foi que te disse que sua mente é vazia e ainda por cima oficina do diabo?
Quem foi que te disse que não é nada, não foi nada, foi um erro, que você foi cagado e cuspido? Que tudo o que faz dá errado, que você simplesmente repele as pessoas, repele sentimentos e relacionamentos? Que você não pode ter um travesseiro, um carro, um saquinho de pipoca, um avião? Que você não pode viver um amor tórrido e sincero, uma família e filhos para gastar todo o seu tempo, dinheiro e felicidade?
Quem foi que te disse que não podes ter cinco profissões, ser cigano (a), ser artista de cinema ou hippie?
Quem foi?
Quem te disse?
Quem é?
Tua mãe?
Teu pai?
Quem?

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Diálogo entre Letícia e eu.






Minha vida tem sido uma comédia pastelão, um drama shakespeariano  com cenas que beiram as mais bizarras besteiras, o clichê mais batido, a mesmice, dor na barriga de risada, dor de cabeça de lágrimas e tonturas de ansiedade.


Em meio a fatos e irrealidades, meu diálogo entre Letícia de Abreu Figueiredo* e eu, o ser que sempre vos fala em forma de dígitos, Kassia Falcão:


"E se... " faz anos que esta história começou. Sem anexo, sem índice,sem bibliografia tentamos esconder a conclusão do que nem soubemos digerir.
Não vamos deixar mudar nosso sorriso. Vamos deixa-lo pra o lado as vezes que forem necessárias; não sei mostrar o meu lado mais suave com algumas pessoas e às vezes tenho me mostrado todos os dias uma patetinha. (por vezes pergunto onde é que eu perdi o que me restava de amor próprio e racionalidade?).
Acho que nós duas somos protótipos ideal da patente que deve ser registada; já pegamos os caras que são inteligentes e gênios da lampada; já pegamos os engraçados mas que quando abrem aquela boca só nos dá vontade de dar corda aos sapatos e apanhar o primeiro vôo para a lua; já apanhamos os donos da comédia e esses faziam o gato fedido ser um êxito do mundo e agora para alcançar o pedestal. Eu por exemplo, já dei de maluca porque nunca me julguei capaz de amar alguém que me impressiona com as poucas falas que não ensaiou. Não, eu nunca poderia amar alguém que nem me faz desconfiar de uma nota de cem reais presa na minha caixa de correio." - Letícia

"Sim, e se essa nota de cem reais parecer tão verdadeira quanto o seu reflexo no espelho? Sim, e se toda a sua sabedoria te dar um tapa na cara, rir na sua cara, cuspir na sua cara e dizer ´bobinha, você não sabe é nada! Vai andar mais por aí e entender o que é mesmo uma nota de cem reais e o que realmente é valoroso....' Sim, nós duas com tantas andanças, tantos desertos em busca de água e abrigo. Ambas com tanta certeza, e ao mesmo tempo a certeza de que nada é como a gente planeja. Mas a gente vive. E se joga. E se esparrama. E se faz de puta, santa, boba, fera bicho "anjo e mulher", parafraseando musiquinhas. Por que acreditamos que uma mulher só é pouca coisa para uma só mulher, uma faceta só é pouca coisa, o pouco é muito, o muito é pouco. E o valoroso? O merecido. Ou o não merecido? Só com muita cabeça na parede, um copo d´água, um café, um cigarro e a conta, por favor." - Kassia


* Letícia de Abreu Figueiredo, amiga, pianista, filha, tia de gêmeos, origens luso-brasileiras como as minhas, futura licenciada em Letras, aprecia boa cerveja, boas risadas, gente fina, elegante, sincera e com habilidade a dizer mais sim do que não.


Cantiga de Enganar




O mundo não vale o mundo, meu bem.
Eu plantei um pé-de-sono,
brotaram vinte roseiras.
Se me cortei nelas todas
e se todas me tingiram
de um vago sangue jorrado
ao capricho dos espinhos,
não foi culpa de ninguém.
O mundo, meu bem, não vale
a pena, e a face serena
vale a face torturada.
Há muito aprendi a rir,
de quê? de mim? ou de nada?
O mundo, valer não vale.
Tal como sombra no vale,
a vida baixa... e se sobe
algum som deste declive,
não é grito de pastor
convocando seu rebanho.
Não é flauta, não é canto
de amoroso desencanto.
Não é suspiro de grilo,
voz noturna de correntes,
não é mãe chamando filho,
não é silvo de serpentes
esquecidas de morder
como abstratas ao luar.
Não é choro de criança
para um homem se formar.

(...)

Não é nem isto, nem nada.
É som que precede a música,
sobrante dos desencontros
e dos encontros fortuitos,
dos malencontros e das
miragens que se condensam
ou que se dissolvem noutras
absurdas figurações.
O mundo não tem sentido.
O mundo e suas canções
de timbre mais comovido
estão calados, e a fala
que de uma para outra sala
ouvimos em certo instante
é silêncio que faz eco
e que volta a ser silêncio
no negrume circundante.
Silêncio: que quer dizer?
Que diz a boca do mundo?
Meu bem, o mundo é fechado,
se não for antes vazio.
O mundo é talvez: e é só.
Talvez nem seja talvez.
O mundo não vale a pena,
mas a pena não existe.
Meu bem, façamos de conta.
de sofrer e de olvidar,
de lembrar e de fruir,
de escolher nossas lembranças
e revertê-las, acaso
se lembrem demais em nós.
Façamos, meu bem, de conta
— mas a conta não existe —
que é tudo como se fosse,
ou que, se fora, não era.
Meu bem, usemos palavras.
façamos mundos: idéias.
Deixemos o mundo aos outros
já que o querem gastar.
Meu bem, sejamos fortíssimos
— mas a força não existe —
e na mais pura mentira
do mundo que se desmente,
recortemos nossa imagem,
mais ilusória que tudo,
pois haverá maior falso
que imaginar-se alguém vivo,
como se um sonho pudesse
dar-nos o gosto do sonho?
Mas o sonho não existe.
Meu bem, assim acordados,
assim lúcidos, severos,
ou assim abandonados,
deixando-nos à deriva
levar na palma do tempo
— mas o tempo não existe,
sejamos como se fôramos
num mundo que fosse: o Mundo."


Carlos Drummond de Andrade



domingo, 5 de fevereiro de 2012

...outras sofrem por não encontrarem a verdade em outras.

Olhamos pra trás. Para trás. Por que tudo sempre é olhar para trás?
Cadê a frente, cadê o futuro, cadê o não vivido, o novo, o não entendido, o surreal, o comum, o diferente, o não, o sim, atrasos, despedidas, encontros, cansaço e descanso?
Por quê somos tão apegados aos erros e não tanto aos acertos, ao que você entregou e não recebeu, aquilo que emprestou e não foi devolvido e aquele amor que você guardou e nunca existiu?
Que haja coragem para recomeçar. E se nunca falhássemos? E se fossemos imbatíveis, perfeitos e sem indagações?
Ontem à noite, estava na Lapa, conversando sobre assuntos diversos com um amigo, e  recebi uma repreensão : "Você é muito questionadora!" Eu não aceitei isso como repreensão, dei um sorriso e eu juro que fiquei feliz com o adjetivo. Ser questionador para mim é não se acostumar com o comum, com o certo, com o óbvio. Ai de mim se não fosse...Acho que simplesmente eu não seria. Ser questionador é ao mesmo tempo ser levado pela maré, ser verdade e intensidade, é encontrar detalhes naquilo que não é percebido. A verdade é que esse "questionar" e esse "viver" há um centímetro de abismo. É o ser ou não ser. Mas você só sabemos se a gente mergulha nesse abismo e não sabe quais serão os danos do impacto. Talvez não se sinta na hora. A verdade é isso.
Nesse leva e trás de viver, a gente só se lembra do "para trás". Nossa, e acabo voltando ao assunto do para trás... 
Algumas pessoas sofrem por serem verdadeiras umas com as outras. Outras sofrem por não encontrarem a verdade em outras. Muitos ainda são pequenos para ver o que é o grandioso. E muitos ainda não são grandes para entender a pequenez.






"É, pode ser que a maré não vire,
pode ser do vento vir contra o cais,
já que não sinto os seus sinais,
pode ser da vida acostumar"
Marcelo Carmelo



sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Reflexão através de Pink Floyd - Time (Tempo)

Indo embora os momentos que formam um dia monótono
Você desperdiça e perde as horas de uma maneira descontrolada
Perambulando num pedaço de terra na sua cidade natal
Esperando alguém ou algo que venha mostrar-lhe o caminho


Sempre assim. Um dia qualquer. Horas desperdiçadas de forma voraz, ansiosa...Quer viver tanto que não vive nada. Expectativas em alguém ou algo que te diga "vai lá, vai dar certo e você não vai se fuder".

Cansado de deitar-se na luz do sol, ficar em casa observando a chuva
Você é jovem e a vida é longa e há tempo para matar hoje
E depois, um dia você descobrirá que dez anos ficaram para trás
Ninguém te disse quando correr, você perdeu o tiro de partida


A máxima de não vermos as coisas simples da vida. Essa frase, "coisas simples da vida" é clichê, mas porra, a vida é isso! Você quer mais o quê dela? Correr, correr, atrás de um ovini?

E você corre e corre para alcançar o sol mas ele está se pondo
E girando ao redor da Terra para nascer atrás de você outra vez
O sol é o mesmo de uma forma relativa, mas você está mais velho
Com pouco fôlego e um dia mais próximo da morte

E você corre, corre, em busca do "ideal, perfeito e intenso", quer alcançar o sol e fodam-se todos. E realmente. O mundo gira, gira, e pára no mesmo lugar. Fato. O quando ele parar no mesmo lugar, o sol será de fato o mesmo. E quando você olhar pra trás, olha quanta merda você plantou...ou não. E se o sol nasce para todos, a morte também.

Cada ano está ficando mais curto, você parece nunca ter tempo.
Planos que dão em nada ou em meia página de linhas rabiscadas
Aguentando em desespero quieto é o jeito inglês
O tempo se foi, a canção terminou, pensei que tivesse algo mais a dizer


É...anos se passam...planos que não saem da cabeça...aquele amigo distante que você não visita a anos...aquele pedido de desculpas que está entalado no seu esôfago...planos...linhas rabiscadas...livros de auto-ajuda...E o tempo se vai. E vai mesmo. Tá indo. Quando você for ver....foi.

Em casa, em casa novamente,
Eu gosto de estar aqui quando posso
Quando eu chego em casa com frio e cansado,
É bom esquentar meus ossos ao lado do fogo
Muito longe, atravessando o campo
O badalar do sino de ferro
Convoca os fiéis a se ajoelharem
Para ouvir feitiços ditos em voz suave.

Ahhhh, lar, doce, lar....como gostamos da nossa casa! Queridos, é o comodismo. Quem não gosta de ter tudo sempre no lugar. Parado. Sem grandes emoções. No máximo, uma inércia. É onde nos esquentamos do frio. Mas será que esse aquecimento é bom o suficiente? Te conforta? Você nem sabe. Suave. Tudo em busca do suave. E o tempo. O tempo não é suave. O tempo. É, tempo.



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Isso não é vida louca. Vida louca é outra coisa.

"Se alguém olha quando você passa
Você logo diz "Palhaço"
Você acha que não tá legal
Perde todos os sentidos a não ser o perigo
Você passa mal"
(Vida Louca Vida - Cazuza)
Não adianta dar uma de Dalai Lama, ser ser amiga (o), ser legal, fazer ode ao amor e ao respeito, se a própria pessoa não se respeita e não tem alguns parâmetros. Vida louca sim, mas é breve. Chega uma hora, que essa "vibe" passa. Vão por mim. Depois, vida louca é uma outra coisa... 
Eis me aqui, que já me estrepei e continuo me estrepando...vida louca não é o que se pensa. A loucura está nas coisas mais piegas, simples e inúteis da vida. Fato.
Aos 18,19,20, achava que vida louca era uma coisa..e isso foi breve...Hoje, para mim, vida "louca" é outra coisa...Vida louca é você saber que é rodeado de gente que te ama e faria de tudo por voce. É passar a madrugando rindo de boberia comendo pipoca. É falar de futilidade, de Wando, de pai, mãe, é beber cerveja sim, mas não até vomitar, é saber que você é importante para muita gente. E que ainda você fazendo merda, essa gente ainda continua te amando
É você chegar na casa do outro e limpar a privada dele por que ele se mudou a pouco tempo, ainda não sabe se virar sem os pais. Você, como já aprendeu e passou perrengues por aí sem papai e mamãe, sabe, e você precisa ensinar o que sabe a ele.
Assim, como esse amigo que não sabe limpar privadas, ele lhe ensina como a sociedade funciona, é graduado em duas universidades, já leu muitos pensadores e muitos livros, fala quatro idiomas, já viveu uma "vida louca", mas que foi breve.
E esse ser também não sabe fazer café. E você vai, e o ensina fazer café. E ele é eternamente grato e fica impressionado pelo fato você saber limpar privadas e fazer café.   
O chão está sujo e a geladeira com muitos alimentos em decomposição. Enquanto ela te conta sobre os filmes de Almodovar, você a ensina como armazenar os alimentos e a como limpar o chão. 
- "Não tem pano de chão? Rodo?"
- "Não..." 
E fui ao tiozinho do lado comprar 3 panos de chão, um litro de desinfetante e eis a didática de como limpar o chao.
Ela está grávida, e vive comendo comida não saudável pois não sabe cozinhar. Nunca precisou aprender, pois ela sempre teve à sua disposição uma empregada. A vida em si, sem ajudarmos os outros, é vazia.

sábado, 28 de janeiro de 2012

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"

E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho.
Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa.
Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa.
Significa criar laços...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.
E eu não tenho necessidade de ti.
E tu não tens necessidade de mim.

Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo... Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música.
E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me!
Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa.
Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" 

Antoine de Saint-Exupéry (O Pequeno Príncipe)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Quanto riso, oh quanta alegria, mais de mil palhaços no salão.



Serpentinas enfeitando os anúncios dos Supermercados Guanabara, Globeleza, ode à solteirice carnavalesca, convites para passar Carnaval perto de praia, mato ou qualquer lugar, treino forte na academia, vinhetas de samba enredo no seu ouvido...tudo vale a pena, afinal, tudo se resume a esses quatro dias de fevereiro e às vezes março. E que se danem-se os relacionamentos, pai, mãe, papagaio ou cachorro (já arrumou quem vai alimentar o seu cão?).
Dependendo da ocasião ou idade (mental ou não) você viaja para não sei onde e não sabe nem aonde vai dormir. Assim passei dois anos de Carnaval de minha pós adolescência. Mochila nas costas, compra de passagens de van (sim, por que ônibus é coisa de gente adulta, que não usa transporte clandestino e que se programa antes...), biscoito Trakinas e uma barraca de camping, sabe como é, para garantir...
Eu e meus amigos outrora conseguimos uma garagem (sim, uma garagem) para servir de nossos aposentos e ainda sob a indagação da dona da casa - "Vocês usam drogas?"
Foi nos oferecido banho na casa da tal moça a 2 reais, o "quarto" havia uma pia que a água caia no balde, um canto que haviam entulhos e, eu juro, não vi nenhum inseto ou bicho estranho no local. Lembro que liguei para casa usando o famoso 02121 para dizer apenas "Mãe, tô bem". Eu não trabalhava, nem lembro a quantidade de dinheiro que levei (e nem como consegui) e nem sei como sobrevivi.
Na ocasião eu tinha 17 anos e 10 meses, lembro de estar em um namoro recente e rodeada de uns amigos. Os anos passaram, os graus de aventuras foram adquirindo um nível menos trash, eu vi que a vida não era uma coisa trash a ser vivida ou então hoje eu não vejo mais graça na vida, por que a graça é ela ser trash mesmo. Ou então o trash para mim é uma outra coisa...
Que haja riso, alegria e mil palhaços no salão, mas avalie se vale a pena o choro do Pierrot pela Colombina no meio da multidão por apenas quatro dias. E use uma máscara por 361.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Saudade

Ai, ai
Vai ver é só você
Ai, ai
Vai ver é só você querer
Distante, imaginar
Caberia a quem dizer:
"Amor, eu vivo tão sozinho de saudade"


Marcelo Camelo

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Minha teoria da pseudo-sabedoria

Segundo Sócrates, "O mais inteligente é aquele que sabe que não sabe."


Me apoio nesse pensamento socrático  para que eu possa entender o porquê de estar aqui. O porquê de servir às pessoas minha vontade de ajudar, minha vontade de fazê-la subir montes altos, minha vontade de que ela caia, mas se levante. Minha vontade de que ela se machuque sim, mas que eu venha com uma caixinha de pronto-socorros para ajudar. Mas infelizmente, minhas boas intenções não funcionam na prática. Com esse pensamento, eu quero é salvar o mundo. Pobre Kassia.

Muitas pessoas me julgam como "sabe-tudo, contemporânea, ´mete as caras´, personalidade forte e que sabe o que quer". Sim pra mim isso é julgamento. Sou um ser de fraquezas e quanto mais eu busco saber, mais eu tenho noção de que não sei de coisa nenhuma.

Se eu não sei de determinado assunto, eu prefiro não opinar. Não uso palavras difíceis e nem olhares horizontais. Não me sinto diminuída pelo grau de sabedoria maior alheio. Por que sabedoria não é com livros, autores ilustres e nem palavras enfeitadas com o novo acordo ortográfico. A famosa sabedoria é o famoso "tomar no cú para se fuder e aprender."

Com licença. Sim, permitam-me usar uma dose de vocabulário chulo pela primeira vez em meu blog, mas existem certas coisas que só conseguimos explicar com o português, que segundo Milllôr Fernandes, "são recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia."


Sim a teoria simples e já conhecida "meta as caras, se jogue, se arrependa, se foda e sim, você aprenderá". Sim, de fato. Eu só aprendi assim. Minha mãe também. Meu pai. O tio da pipoca. O vassoureiro. O Eike Batista. E você também.
E não adianta alertar do tombo e do grau da "fodissão" para o seu ente querido, amigo, enteado, peguete, ficante, amante ou coisa do tipo. Por quê, segundo minha estrada breve, percebi que a banda toca mais ou menos assim:

1º: A pessoa vai achar que você está errada.
2º: A pessoa terá muitos argumentos contra.
3º: A pessoa está com muita vontade de se jogar na merda;
4º: Você, como não quer que ela se foda, vai tentar a todo custo impedir;
5º: Ela achará que isso é uma conspiração e começará a falar sobre a teoria da conspiração;
6º: Você aperta o foda-se e deixa a pessoa se foder.;
7°: A pessoa vai e se fode.
8º: Bingo. A pessoa aprendeu.

A pessoa não aprenderia se ela não se jogasse. Não teria lições por ela mesma. E ás vezes, não podemos exigir esse grau de maturidade que atingimos quando patinamos na bosta. Por quê ela só vai ver que a bosta escorrega e é ruim se ela for.

Não são palavras de Clarice Lispector. Não são trechinhos de William Shakespeare. Não é o Dalai Lama,
Não são figurinhas com palavras bonitinhas no facebook. Não é o Paulo Coelho. Nem a sua mãe. A sabedoria é adquirida realmente sentindo o gosto amargo da vida.

E se fores e tiveres a lição e quiseres voltar para me contar... À vontade. Teremos muitas experiências para trocar. Fiz amigos nos poços que frequentei e eu e os ratinhos até brincávamos de jogo da velha. Até que foi divertido.