quinta-feira, 17 de maio de 2012

Procura-se: Kassia Falcão.



Ter problemas, todos temos. A diferença está em encará-los, enfrentá-los ou fingir que eles não existem. Eu encaro, dou minha cara a tapa, peço desculpas, digo o que sinto, tento encontrar soluções, mesmo que as soluções sejam doloridas.


Por muitas vezes, em que me encontro em apuros (problemas para resolver, dúvidas e etc) eu tenho uma sucessão de sonhos. Sonhos em que eu estou presa em algum lugar, em alguma espécie de labirinto e fico muito desesperada para encontrar a saída. Quando encontro, fico em paz, feliz e vejo que só foi um momento de tensão. Ou então estou perdida em avenidas ou ruas, fico agoniada por não achar o destino. Ou então, elevadores. Fico presa em elevadores que sobem e descem até parar aonde preciso chegar.
Sonhos que são bem claros, ou sonhos sem pé nem cabeça. A verdade é que por muitas vezes, no meu caminho ao trabalho fico fazendo uma conta "encontre o x na equação" para interpretá-los. Em vão.
Só sei que, refletindo em este quase fim de semana e diante de decisões tomadas (soluções, mesmo que doloridas), nesses sonhos em que ando, ando e peregrino a procura de algo, que eu encontre uma plaquinha com o meu nome ou eu encontre a mim mesma. E vendo essa plaquinha ou encontrando meu ser, eu sinta paz, suavidade e livre de todo aquele medo em que estava perdida.


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Cinco pães franceses, por gentileza.

Para começar: o pão não é francês.
Mas a gente nunca pede "Por favor, cinco pães". Mas sim "cinco pãezinhos, 1 real de pão, etc", mas nunca a palavra "pão" no plural. Pelo menos, comigo é sempre assim -  cinco pãezinhos.
Cinco é número ímpar, e por mais que haja você e mais a sua mãe para tomar café da manhã, e você sabe que o máximo que vocês duas vão comer são apenas dois, sempre compra-se cinco. Eis que sobra um. E fica lá, no cantinho, no saquinho, desprezado....Provavelmente se junta com os outros já dormidos de outros dias, vão para o freezer e o cruel destino deles é farinha de rosca. Compra-se cinco pães, e não quatro. - "é para garantir." ou "sei lá, vai que dá vontade de comer mais" ou o velho ditado de meu pai  "melhor sobrar do que faltar."
Não sei por que resolvi falar de pães. E por falar em meu pai, luso-brasileiro, e como todo português, português tem mania de pão. Não tem ninguém em casa e não tem o que fazer, vai comprar pão. Pelo menos, aqui em casa é assim. Jornal, pão (de vários tipos) e café. Coisa de pai.
Voltando ao assunto do quinto pão: o que seria o quinto pão na nossa vida? Aquele que, se você não o come com piedade (afinal, é pão, é comida, etc), ele mofará ou, como mencionado acima, se congelado você pode torrar e transformar em farinha de rosca. Mas será que o destino de um pão é sempre um punhado de farinha de rosca?
Bom, só sei que não me contento com o quinto pão. Por que sempre sei do quase certo destino dele. Mas talvez, em sua casa, os pães não sobrem, você come pão-de- forma mesmo ou talvez nem coma pão. Mas com certeza você sabe dos caminhos de certas coisas, não por vidência ou por "senhoria da verdade", mas por resguardar-se de coisas que já aconteceram e você sabe por que aconteceu. Bom, já tive que abrir mão de coisas primordiais para comprar pães. E de fato, eu muitas vezes ou quase sempre, nos finais de semana, haviam 7 pães sobrados de cada dia e minha distração era fazer torradas deles, quando poderia estar fazendo algo diferente. Jogando dominó, dançando danças idiotas com amigos, rindo até não querer mais ou lendo um livro (de muitos que tenho em casa e que ainda não li).
Se eu sei que o quinto pão virará torrada ou farinha de rosca, não comprarei mais o quinto pão. Eu sempre digo isso para mim. Mas no final, a gente sempre compra. "Vai que chega visita..."


domingo, 13 de maio de 2012

A moça das tranças

E o velho moço assiste. Assiste do alto e inerte. Por dias. A vida daquela casa, daquela vida, daquele acontecer.
As confusões e a desesperança da moça de cabelos compridos e aquela trança se desfazendo. Ele sempre tira umas horas para vê-la. A assiste, ao fazer o café, ao estender a roupa no varal. Sempre com as bochechas rosadas, corpo de menina e olhar de mulher.
Todos os dias a moça espera o seu amado, com o jantar devidamente posto, flores frescas e molhadas em um vaso. E a moça de tranças com o olhar fraterno e decidido.
Um belo dia, ao anoitecer, o velho moço se assusta ao ver a moça de vestido rosa, aquele corpo leve e postura de bailarina, batendo a porta de vidro, sentando ao meio fio da rua. A expressão da moça já não era tão fraterna e agora era uma expressão de decisão, força e um pouco de revolta. Espantou-se ao ver que ela acendia um cigarro e o tragava fortemente, como um analgésico e como se fosse afogar aquela dor que sentia. Ou seria indignação, ao invés de dor?
A noite cai, e logo a moça entra. Aquele casebre, com luzes apagadas, ganha silêncio. Ele então, vai dormir.
E o velho moço amanhã, estará com seu pequeno rádio de pilhas, naquele mesmo canto. Não sabe se encontrará a moça de tranças com vestido rosa virginal, estendendo roupas no varal e um doce cheiro de baunilha vindo em sua direção. Ouviu dizer que a moça pegou um carro (espantou-se, parecia ser tão frágil, sabia dirigir?) com uma pequena mala e não voltou mais. O amado, encontrou um bilhete deixado pela moça:

"Sou suficientemente suficiente para mim.
Tentei ser boa para mim e para você,
Mas não posso ser maternal, se a intenção é ser sua mulher,
Desculpas por meu senso masculino ser forte mais,
E se meu senso feminino for suave demais para ser percebido por alguém que não enxerga um ser que já sentiu o cheiro de muitas flores, respirou diferentes ares, passeou em muitas estradas e hoje, prefere dançar sozinha, ao som de uma melodia interna que só ela mesma ouve."