segunda-feira, 23 de julho de 2012

"O barulho tem uma vantagem. No meio dele não se ouvem as palavras."

"O barulho tem uma vantagem. No meio dele não se ouvem as palavras." -
( A insustentável leveza do ser - Milan Kundera)

Sou filha de uma mãe hiperativa, que tem cisma com barulhos. A casa precisa ter algum barulho. É uma televisão ligada, uma rádio na cozinha, um ventilador rodando. E eu juro que se não tivéssemos esse recursos, ela utilizaria até um liquidificador rodando para tal feito.
Eu sofro de síndrome do silêncio. Apesar de ser professora, passar a maior parte do tempo falando (e ouvindo), tenho aquele momento em que preciso ouvir só o tic tac do relógio. Ouvir o que as vozes interiores falam, o que eu preciso me redescobrir...e as vezes as palavras, o barulho, só atrapalha esse momento de visão além do que podemos de fato, ver. Sim, sou muito falante e tenho um pézinho no hiperativismo. Mas quando me calo, calo de vez. É o momento em que não quero barulhos. E nem palavras.

Uma breve reflexão em meio à barulhos de um teclado ensurdecedor.

 


quarta-feira, 4 de julho de 2012

Pois os voos de um falcão vão além do que se passa.

"Mas o blog mudou de nome? Mudou de endereço?"

De tempos para cá, vi que de fato coisas passam, mas podem passar e voltar. Se passam, nunca existiram. Se voltam, é por quê ela assumiram o voo similar a de um falcão. Sim, falcão, meu sobrenome, mas não mudei o nome do blog só para fazer ode ao meu sobrenome que tanto sofri bullying na infância (e hoje me orgulho), mas sim pelo o que a ave representa, e de fato simboliza minha filosofia de vida.


O que diferencia os falcões das demais aves é o fato de terem evoluído no sentido de uma especialização no voo em velocidade (em oposição ao voo planado das águias e abutres e ao voo acrobático dos gaviões), facilitado pelas asas pontiagudas e finas, favorecendo a caça em espaços abertos – daí o fato dos falcões não serem aves de ambientes florestais, preferindo montanhas e penhascos, pradarias, estepes e desertos.


Ou seja, o falcão é uma ave destemida. Prefere lugares altos, como penhascos, para atingir voos altos e ela é a ave com a evolução de voo em velocidade. Não espera, faz, tem ânsia, voa. E reservados, como desertos e florestas. Locais em que podemos estar de encontro com nós mesmos. Ao mesmo tempo em que ela anseia em ser rápida e veloz, ela se encontra sozinha em locais em que raramente podemos a encontrar.

Diferentemente das águias e gaviões, que matam suas presas com os pés, os falcões utilizam as garras apenas para apreenderem a presa, matando-a depois com o bico por desconjuntamento das vértebras, para o que possuem um rebordo em forma de dente na mandíbula superior.

Não fazendo referência à morte, homicídio ou vingança (desse mal, não sofro), mas no sentido das adversidades nessa vida, os falcões não sujam as garras e fazem com as próprias "mãos" o que acham certo.  Eles apenas as usam para terem em mãos um desafio a ser destrinchado, como um jogo de quebra cabeças ("desconjuntamento das vértebras"), pois tudo o que é fácil, não é prazeroso, tudo o que vem fácil, se esvai na mesma velocidade.

Velocidade. Coragem. Cautela. Desafio. Tudo passa, sim.
Mas os voos de um falcão vão além das coisas passageiras e vãs.




"Black bird fly, black bird fly
Into the light of the dark black night."
Black Bird  (The Beatles)