sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Sobre as plantas

Ao sair de casa, viro a esquina. Um senhor, de aproximadamente 65 anos, rega suas plantas.
"Bom dia!"
Me assustei. Respondi o cumprimento. E me assustei mais ainda por ter me assustado com um cumprimento de "bom dia". Deve ser por que as pessoas estão muito preocupadas para darem "bom dia". Muito ocupadas. Muito receosas. Com medo, mesmo. Às vezes, soa até ofensivo. Estranho. Mas por que?
Cadê a gentileza? A cordialidade? Não se repara mais em quem está na fila, em quem está no banco do seu lado na praça (praça?), pois estão todos muito ocupados usando internet no celular. Não ouvimos alguém pedir ajuda na rua, pois estamos muito ocupados com iPod nos ouvidos. Fazer amizades? Isso não existe. Não falemos com estranhos. De certo, se um vizinho ir na sua casa pedir meia xícara de açúcar, você não vai atender, achando que é "pedinte", aliás, você nem conhece o vizinho...E se o vizinho lhe surpreender com uma torta, lhe dando boas vindas, pois você é um morador novo? Vai recusar, achando que está envenenado ou vai pensar se a pessoa "tá querendo alguma coisa".
Essa vida me assusta. Tem nos feito seres de gesso, sem sorrisos, sem abraços, sem voz e até sem compaixão. Que possamos perceber nosso próximo, o padeiro, o gari, o bancário, a balconista e o senhor que rega as plantas na sua esquina. Aliás, ele poderia estar fazendo qualquer outra coisa, mas preferiu regar as plantas...