segunda-feira, 2 de abril de 2012

Beleza aonde há beleza



Ouvi esses dias que as minhas fotografias mais bonitas são aquelas em que passei os melhores momentos de minha vida. Muitas eu estava deslumbrante, mas não tão bonita como uma simples foto tirada antes de dormir. Sem maquiagem, ou com o cabelo minunciosamente escovado ou com inúmeras poses - eram aquelas simples, singelas, displicentes e despretensiosas.
A beleza estava havia beleza. Eram nos melhores momentos de minha vida que apareciam as melhores fotografias. Rosto corado, saudável e com formas. Sorriso fácil e olhar tranquilo. A beleza existia por que existia beleza na minha visão de vida. Todas as vezes em que via um mundo feio, cruel e sem esperanças, meu rosto dava lugar à ossos, falta de viço e olhar vazio.
Aonde estava a beleza? Por mais que se usasse de artifícios de maquiagem, photoshop, a beleza não estava mesmo ali. O que enxergava era um mundo sem estimativas, uma vida sem motivos e nenhuma coragem para escalar, levantar e subir. Subir? Sumir.
Aonde está essa tal beleza? Beleza de ver simplicidade em qualquer coisa banal, de se sentir leve, de não ter medo de ser quem é, de não ter medo de sentir medo e de permitir errar e se destruir de vez e quando. E onde é esse belo, esse fascinante, esse inebriante, esse brilho que gruda e não sai?
Beleza aonde há beleza. O belo para ti pode ser qualquer coisa. Qualquer conversa jogada fora. Qualquer flor caída no chão. Qualquer gole de uma bebida amarga. Qualquer mergulho em uma paixão incerta/certa. Qualquer coisa tranquila. Barulho. Ócio. Banho quente. Cheiro de terra molhada. Sereno. Dormir sem hora para acordar. Acordar cedo e comprar a primeira fornada de pão. 
Ver beleza. Não só ver. Enxergar. Sentir. O que vale. O que realmente vale. O que vale seu sorriso, sua gargalhada, o seu brigar, o seu lutar.
Enxergue, queira, sinta, busque. Também pode estar no chamado feio. No descartado. No rejeitado, no prostituído, no desenganado, no sofrido. 
Quem têm olhos, que enxergue a beleza. E saiba o que é. Ela é leve. Lânguida. E de repente nem todos podem sentir.

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