segunda-feira, 30 de junho de 2014

Cinzas

Queimando nas cinzas da vida,
nas cinzas na esperança,
nas cinzas do que já foi,
nas cinzas do que nunca foi.

Queimando, voando as cinzas de renovo,
Cinzas de paz,
Cinzas queimando tudo o que há de cinza,
E tudo o que não se deve guardar.

Queimando nas cinzas frias,
Cinzentas
Amargas
Doidas e doídas.

Queimando nas cinzas de prazer,
De ser livre e ser quem é,
Queimando uma consciência livre,
Queimando tudo o que se foi e o que se fez.

Cinzas que adubam um solo a florir,
Cinzas jogadas ao mar,
De um mar que me levou e que me trouxe,
Que fui e voltei,
E quem sabe, ainda hei de voltar.

Queimando nas cinzas quentes,
Em brasa,
Labaredas
Combustão
E que o vento soprou.




segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Sobre o cansaço

"De intensidade que se vive a vida". Essa intensidade cansa. Quem não quer apenas dormir e ouvir a vida acontecer por si? Quem não tem vontade de ser quem não se quer ser, de ser quem se é, de fazer tudo e fazer nada? Essa coisa de ser intenso. Cansa. E cansa saber que você só sabe viver sendo intenso, bebendo dessa tal intensidade. 

Cansa ser bom em tudo o que disseram para você. Cansa ser. Cansa. Melhor ver vida passar, andar, caminhar. Sem cansar.





"Que é de batalhas
 que se vive a vida."




domingo, 29 de setembro de 2013

Uma história sobre o acaso

Primeiro, eu o vi. Segundo, o vi novamente. Terceiro, ele me viu. E eu nem percebi. E ele me permitiu nem perceber.

Estradas percorremos, latinhas chutamos,enchemos rios de lágrimas, socamos paredes feitas de um concreto esfarelento e que muitas vezes tentamos juntar esse esfarelado para tentar construir um renovo de algo impossível de renovar.

E então avenidas e rodovias voltamos a percorrer, latinhas chutamos, cortamos os pés com as latinhas e sangramos até quase o sangue todo perder.
E no caminho dessas estradas, o encontrei, e também ferida e exausta, ofereci o meu próprio torniquete. Estancou naquele momento, mas com certeza deveria ter voltado a sangrar. Não recomendei nenhum antídoto ou remédio, pois a própria sua alma e força iriam o curar.

Feridas estancadas, e eles então resolveram voar. Sem nenhum julgo e fardo pesado que
pudessem fazê-los cair e danificar a asas. Porém, o medo de novamente se encontrarem na estrada e
trocarem torniquetes era iminente. E com isso, decidiram viver de acordo com o vento. E eis que o
vento e o acaso soprou de volta ao princípio.

Primeiro, ele me viu. Segundo, ele me viu novamente. Terceiro, eu o vi. E ele nem percebeu,
E eu não permiti ele nem perceber.


terça-feira, 11 de junho de 2013

Dia dos namorados e minhas segundas intenções


"Namorar você é a minha segunda intenção. A primeira é ser feliz na sua cama de solteiro, um sábado inteiro." - Gabito Nunes

Se não fosse o "mimimi" do Facebook as usual, eu nem ia lembrar que amanhã é o "dia dos namorados". Então, como eu adoro pagar de reflexiva, lá vai uma consideração sobre a data em que todos se amam, dão presentes e se sentem na obrigação de fazê-lo

Namoro? Namorado? Tanta gente que vive de fachada, que vive traída, traída de novo e traída elevada à quinta potência (e não falo só de traições do homem pegar uma outra mulher e vice-versa) que vive infeliz, que vive maltrada, incompleta e não realizada, só para não ter o terrííííííííivel destino de ser só. Por que a pessoa já perdeu a própria identidade e não sabe quem se é o que gosta, o que desgosta e já cai em prantos em imaginar em um domingo sozinha.

"Ah, falou a fodona bem resolvida." Antes de ser um pouco mais tranquila mediante à essa questão, ja fui sim, a traída, a babaca, a chifruda, a motivo de chacota, a que vivia infeliz com medo de ficar sozinha e que sequer tinha amigos. Mas isso é um passado beeeem distante e a minha auto redescoberta e a minha "rehab", digamos assim, não foi nada fácil, uma vez que era uma menina louca de vontade de ser eu e viver o que o mundo podia me oferecer mas me via acorrentada arelacionamentos irreais e falidos. Ninguém tem ninguém. O que podemos ser nessa vida, é a soma ou a multiplicação do alheio.




Extraiam a essência mais pura desta vida.




segunda-feira, 10 de junho de 2013

Sobre desejos.

Hoje vim contar do que desejo.

Desejo banho de chuva em noite quente, correr na areia e todo o impossível que se tem notícia. Desejo que todas as pessoas a quem eu desagrado sumam do planeta e encontrem paz em Júpiter. Desejo que tudo o que desejo aconteça, e aconteça perfumadamente bem acontecido.

Desejo que aquela dor chata que me incomoda desapareça na velocidade da luz. Desejo que as minhas preocupações virem pré-ocupações e que elas sumam em um simples passeio de bicicleta. Aliás,  desejo poder andar de bicicleta em minha vizinhança sem o perigo de ir parar a sete palmos do chão.

Desejo boiar em mar aberto. Desejo desejar o bem para sempre e o mal para nunca mais. Desejo mandar estapear tudo o que me fez mal até a mão ficar com hematomas. Desejo ir na casa de quem amo e dizer "quero você aqui e agora e não adianta fugir". Desejo também não amar que eu amo e amar quem me ama. Aliás, desejo não acreditar nessa merdinha chamada amor. Desejo só desejar.

Desejo que não exista a possibilidade de eu ter um câncer um dia e nem sofrer de diabetes. Desejo não ouvir sermões e nem receber alfinetes de boca fechada. Desejo parar o relógio, voltar os ponteiros e refazer muita coisa que fiz. Desejo parar o relógio, voltar os ponteiros e refazer muita coisa que fiz, novamente. Desejo bater papo sentar com um mendigo, tomar um café e saber o que é  ser livre. E por fim, desejo não desejar nada e viver.



terça-feira, 14 de maio de 2013

Despir-se

Gire o mundo que havia "desgirado". Vire o mundo que havia desvirado. Se desprende dos próprios princípios e se liberte de tudo o que você achava que era liberdade.

Jogue água na cara de seus pensamentos impuros que você considera impuros, faz de conta de que tudo o que você achava que era certo é errado, chame aquela sua amiga de vadia, entregue-se por inteiro à alguém.

Limpe a calçada do seu vizinho, fique sem tomar banho e sem escovar os dentes por um dia inteiro, vá tomar café com um amigo que você não vê a 15 anos, sente na rua para conversar com um mendigo.

Peça perdão a quem te fez muito mal, refaça a sua cama que você sabe que fez mal feita, peça um imenso jantar para comer sozinho, mande flores para seu chefe, dê tudo o que você não usa, mande aquela pessoa que você tem que engolir se fuder e depois, peça desculpas.

Homem, mulher. Desnudar-se. Despir-se. Recriar-se. Reeducar-se. Desintoxicar-se.

Mas no tudo, no fim, é despir-se.


sábado, 13 de abril de 2013

Antes que eu canse de falar de amor

Venho percebido algo genuino de civilizações mais antigas, reprimidas e contidas: por quê raios ainda existe o medo e o cuidado exacerbado de dizer a um próximo que é amor que você sente?

Se eu voltasse no tempo e falasse que os seres humanos do século 21 ainda se esforçam com o cuidado de não falar de amor, substituindo da forma mais demagoga do mundo pelo um "te respeito", "te adoro", "te curto" com uma mocinha recatada do século 17, com certeza ela daria risinhos tímidos, tomando todo o cuidado para levar a mão a boca, cuidosamente vestida com uma luva rendada. É tudo amor. É tudo a mesma coisa.

Por quê medo de impactar, por quê medo de se permitir? Como se a tal frase fosse algo letal, fosse algo escandaloso, algo vergonhoso, jocoso ou desesperador. É só uma frase de três palavras. "Eu te amo" é sinônimo de "eu te importo". Se você se importa com alguém, logo, sente amor. Então se permita ao invés de travar a língua com aquela máxima de "eu te amo é muito sério, amém?"

Sério é não sentir amor. Isso sim é muito sério. Sério e preocupante é gelar sua alma com essa idiotice. Achar que amor é uma coisa e outra coisa é outra coisa. É tudo amor. Joguem amor nessa droga de mundo de uma vez. Antes que eu canse de falar de amor e achar que isso é um sentimento nobre demais para falar por aí.